27 de dez. de 2010

- Quase nunca a vida é um balão


Mas o teu amor me cura

De uma loucura qualquer

É encostar no seu peito

E se isso for algum defeito

Por mim tudo bem

tudo bem


Já não tenho dedos pra contar

De quantas janelas me atirei

E quanto rastro de incompreensão

Eu já deixei

Tantos bons quanto maus motivos

Tantas vezes desilusão

Quase nunca a vida é um balão

23 de dez. de 2010

- Primeiro


Acordou para o sol a sentir o vento. Disse que em seu jogo ela mesma daria as cartas, ditaria as regras e falaria quando acabasse. Olhou fixamente para o espelho; ali ela via um reflexo que mudou durante vários anos, Pobre menina, nunca se apaixonou.
Mas quando as palavras vieram à tona todo o sentimento se escapou e foi visto; como se ele sempre estivesse ali, visível. E tudo e tanto o que ela se enganou, caiu como se nunca tivesse existido. Conseguiu descobrir o segredo que tanto guardava e as frases que tanto evitava.
O sorriso se lançou no mar, e eu ela pôde ver o vai e vem de uma história que poderia já ter acabado, sem se quer ter tido um começo. Os olhos se cruzaram e ela conseguiu ver que a saudade é o sentimento mais crucial que existe; entendeu que estar longe às vezes é o mesmo que estar perto sem poder tocar.
Ela sorriu pensativa: o que o que é para acontecer sempre acontece, independente das circunstâncias, e não adianta tentar escapar do seu próprio querer. O sol e o vento nunca a renovaram tanto. Ela nem sabia o que sentia ao certo, nem o que queria de fato. Mas tanto faz quando, independente de tudo se é feliz, e o que tiver de ser vai ser. Porque ela tinha outros sonhos...

5 de dez. de 2010

- e é tudo que vale a pena



Eu tinha esquecido quão bom era a sensação de te ter por perto, de te olhar, de te querer. Não queria mais sentir você tão junto, trocar sussurros e achar que você é definitivamente o que eu quero. Mas eu descobri que preciso de tudo isso, e que não quero me manter longe de você e tudo o que me trazes.
E algo me prente nesta cena e me faz querer revive-la várias vezes. Eu não sei o que me espera, eu não sei o que vai acontecer, mas que, independente disso, aconteça; por mais que demore, mas aconteça. E se algo ruim tiver que acontecer, pode ser; prefiro isso do que conviver com o sentimento de que nada foi tentado.
É incomum sentir as suas mãos nas minhas, escutar tua voz tão de perto, e a aproximação tão simultânea. É incrível como se parece e como tudo encaixa. Mesmo estando distantes, seguíamos tão próximos... Incapacitados de ver o que tinha bem a nossa frente.
Acho que nunca te contei, mas naquele dia eu disse a maior mentira de todas. Eu inventei milhares de desculpas que pareciam verdades, tentei me esconder, me esquivar. Tenho fingido algo que nunca existiu. Absolutamente nada adiantou; nem se quer o tempo. O tempo que me fez curvar em pistas molhadas não supriu a necessidade que eu precisava.
O bom de tudo é ter a certeza de que eu provoco a mesma coisa em você! E a verdade é que foi você quem me fez cantar...

1 de dez. de 2010

- Conserva la ilusión


Um momento para se por ao mar. O sol nunca pediu para ter luz e brilho, assim como eu nunca pedi pra ver o teu olhar e imaginar teu sorriso.
Ao tempo que se passa tudo passa e tudo se cruza; como se o mar viesse ao encontro de quem precisa se por, mostrando o que eu já sei – a necessidade que um tem do outro. Um cada se escondendo por trás, achando que não é visto. Pobre coitado, sentimentos como esse, mesmo escondido, são visíveis para quem os escuta e enxerga.
Num horizonte tão claro e longe há apenas o tempo que parece mostrar um incerto, palavras bem claras e nítidas, mas difíceis de serem aceitas e uma tontería. Quem sabe alguém ainda possui lembranças e pensamentos que não se foram com o passar das situações adversas.
Os olhos ainda não se encontraram, mas quando contornarem a claridade forçarão a visão, numa metáfora de dificuldade ao incomum já tão repetido. Sempre existe um para ter medo e fugir; sempre existe um para buscar.
E aonde alguém tem tentado se mover. São espaços imprecisos que causam imobilidade forçada. Nada de supremacia, tristeza, sentimentalismo... É só conviver com os devaneios e calar o que não faz bem.
Mas tudo isso me faz muito bem. Fotos de um encontro. Lembro do que senti, do sentimento revelado.
Não importa o que aconteça; o sol sempre vai se por no horizonte. E nascer no outro dia. Todo dia. Todo dia.